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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Zangado?




Chamem-me do que quiserem, anão zangado, smurf ranzinza, mas é impressionante como muitas pessoas realmente acham que você é um otário e fazem de tudo para tirarem algum proveito disso...
Como não posso ficar falando isso para todo mundo, senão eu seria muito chato e ninguém aguentaria ficar conversando comigo, vou desabafar por aqui...
Primeiro um borracheiro (ou aprendiz de borracheiro) ficou quarenta minutos tentando colar um pneu do meu carro, que furou durante uma viagem e, após não conseguir, ainda teve a cara-de-pau de me cobrar dez reais... Dez reais!!! Não paguei... Conserte o meu pneu e aí eu pago...


Muito bem, isso não é nada se comparado ao que passei com uma loja de material de construção chamada Casa Matos. Tem até um processo meu correndo contra eles... Acontece que construí praticamente a minha casa toda com eles, quero dizer, a parte de acabamento e nunca tive problema nenhum até o dia em que me entregaram quatro placas de porcelanato de 1x1m quebradas (num total de 72 placas encomendadas)... Me disseram que iriam me entregar as 4 placas, mas isto estava demorando uma eternidade! Fui orientado pelo vendedor que se eu encomendasse pelo menos 2 placas extras, eles poderiam acelerar o processo de entrega. E assim fiz. Encomendei 2 placas, recebi então as 6 placas (2 encomendadas e as 4 que deveriam me ressarcir). O problema começou na hora de pagar, porque simplesmente insistiam em me cobrar 6 placas e não duas. Fui à loja várias vezes, conversei, expliquei, tentei pagar e nada. Até o dia em que escutei daquele mesmo vendedor que o gerente havia dito que foram entregues na minha casa um total de 10 (dez) placas, sendo seis que eu encomendei e 4 de reposição... Foi quando vi que eles estavam realmente dispostos a empurrarem o prejuízo (que era deles) para mim, inventando uma mentira deslavada dessas. Não paguei. Procurei um amigo advogado e, antes que conseguisse qualquer orientação, já haviam colocado meu nome no SPC. Ésse Pê Cê! Sabem o que é isso? Pois é, nunca fiz parte disso. Depositei em juízo o valor que eu realmente devia (2 placas e nada mais) e busquei meus direitos... Graças à Deus, que provas não faltam para confirmar o que estou escrevendo aqui.


Continuando a saga, caí na besteira de encomendar pela internet um jogo de bancos e cadeiras de jardim, de uma loja situada em Tiradentes, que eu já até havia conhecido pessoalmente em uma viagem prévia que fiz àquela cidade. Acontece que o nosso "amigo" vendedor me deu um prazo de entrega que estourou todos os limites do calendário e da paciência. O triste foi ficar escutando desculpas esfarrapadas e contraditórias, semana após semana, até eu perguntar se ele iria devolver meu dinheiro e pagar todo o transtorno que me causou por ficar esperando meses por um produto que foi prometido entregar em semanas e que eu poderia ter comprado em outro lugar.. Sem falar das ligações interurbanas e o estresse de escutar um sujeito que não estava nem aí para você. Só depois disso tudo consegui receber os benditos bancos...


Eu sei que não adianta muito, mas tentei convencer um certo prefeito, um certo secretário de transportes e um certo dono de uma empresa de ônibus urbano, a trocarem um maldito ponto de ônibus que todo mês de Setembro (época de festa agropecuária, com shows, parques e o escambal) é colocado exatamente na calçada da minha casa.. Você imagina trezentas, quatrocentas pessoas se apertando sobre a calçada da sua casa, impedindo que você entre de carro pelo portão da garagem ou à pé pela porta de entrada, destruindo as pequenas mudas de árvores que foram plantadas ao redor da sua casa, enfiando o pé no seu muro, no seu portão, "embarreando" toda a sua calçada, inundando a calçada de sabugos de milho verde comidos, papéis de pipoca, sacolinhas de cachorro-quente, latas e canudos e "otras cosas mas". Pois é... Nada contra os pedestres, muitos sem educação, mas têm que pegar o ônibus e isso não é problema deles... O que questiono é a necessidade de colocarem esse ponto literalmente na calçada da minha casa, já que temos uma linda lagoa logo ao lado, fazendo esquina com a minha casa, com uma longa e linda calçada inutilizada, que serviria  como um belo ponto de ônibus, até porque todos os ônibus obrigatoriamente têm que passar por aquela rua antes de chegarem à minha. Me propus até a patrocinar alguns bancos de cimento naquela calçada caso nossas autoridades administrativas mudassem o ponto de ônibus para lá... A festa passou, o ponto continuou na porta da minha casa e não recebi nenhum tipo de resposta (já que encaminhei tudo por escrito, poderia pelo menos receber um e-mail, não sei...).
Queria ver se eu juntasse todo o lixo que deixaram na porta da minha casa (a prefeitura limpou igual ao nariz dela) e fosse jogar lá na porta da casa do prefeito e ainda desse uma pisadinha de leve só para batizar o portão e o muro daquela casa... Já até imagino os seguranças me pegando e me jogando no meio da rua...

domingo, 4 de setembro de 2011

Mais uma sobre a saúde pública...

Em apoio à minha colega, colei seu texto aqui no blog para quem interessar...


Carta da Dra. DRA. MARIA ISABEL LEPSCH ao Governador do RIO DE JANEIRO, SERGIO CABRAL.


 
Sabe governador, somos contemporâneos, quase da mesma idade, mas vivemos em mundos bem diferentes. Sou classe média, bem média, médica, pediatra, deprimida e indignada com as canalhices que estão acontecendo.Não conheço bem a sua história pessoal e certamente o senhor não sabe nada da minha também. Fiz um vestibular bastante disputado e com grande empenho tive a oportunidade de freqüentar a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, hoje esquartejada pela omissão e politiquices do poder público estadual. Fiz treinamento no Hospital Pedro Ernesto, hoje vivendo de esmolas emergenciais em troca de leitos da dengue. Parece-me que o senhor desconhece esta realidade. O seu terceiro grau não foi tão suado assim, em universidade sem muito prestígio, curso na época pouco disputado, turma de meninos Zona Sul ...Aprendi medicina em hospital de pobre, trabalhei muito sem remuneração em troca de aprendizado. Ao final do curso, nova seleção, agora, para residência. Mais trabalho com pouco dinheiro e pacientes pobres, o povo.. Sempre fui doutrinada a fazer o máximo com o mínimo. Muitas noites sem dormir, e lhe garanto que não foram em salinhas refrigeradas costurando coligações e acordos para o povo que o senhor nem conhece o cheiro ou choro em momento de dor..
No início da década de noventa fui aprovada num concurso para ser médica da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro'. A melhor decisão da minha vida, da qual hoje mais do que nunca não me arrependo, foi abandonar este cargo.  Não se pode querer ser Dom Quixote, herói ou justiceiro. Dói assistir a morte por falta de recursos. Dói, como mãe de quatro filhos, ver outros filhos de outras mães não serem salvos por falta de condições de trabalho. Fingir que trabalha, fingir que é médico, estar cara-a-cara com o paciente como representante de um sistema de saúde ridículo, ter a possibilidade de se contaminar e se acostumar com uma pseudo-medicina é doloroso, aviltante e uma enorme frustração. Aprendi em muitas daquelas noites insones tudo o que sei fazer e gosto muito do que eu faço. Sou médica porque gosto. Sou pediatra por opção e com convicção. Não me arrependo. Prometi a mim mesma fazer o melhor de mim.
É um deboche numa cidade como o Rio de Janeiro, num estado como o nosso assistir políticos como o senhor discursarem com a cara mais lavada que este é o momento de deixar de lenga-lenga para salvar vidas. Que vidas, senhor governador ? Nas UPAS? tudo de fachada para engabelar o povão!!!!  Por amor ao povo o senhor trabalharia pelo que o senhor paga ao médico ?  Os médicos não criaram os mosquitos. Os hospitais não estão com problema somente agora. Não faltam especialistas. O que falta é quem  queira se sujeitar a triste realidade do médico da SES para tentar resolver emergencialmente a omissão de anos.
A mídia planta terrorismo no coração das mães que desesperadas correm a qualquer sintoma inespecífico para as urgências... Não há pediatra neste momento que não esteja sobrecarregado. Mesmo na medicina privada há uma grande dificuldade em administrar uma demanda absurda de atendimentos em clínicas, consultórios ou telefones. Todos em pânico.  E aí vem o senhor com a história do lenga-lenga.  Acorde governador ! Hoje o senhor é poder executivo. Esqueça um pouco das fotos com o presidente e com a mãe do PAC, esqueça a escolha do prefeito, esqueça a carinha de bom moço consternado na televisão. Faça a mudança. Execute.
"Lenga-lenga" é não mudar os hospitais e os salários.  Quem sabe o senhor poderia trabalhar como voluntário também. Chame a sua família. Venha sentir o stress de uma mãe, não daquelas de pracinha com babá, que o senhor bem conhece, mas daquelas que nem podem faltar ao trabalho para cuidar de um filho doente. Venha  preparado porque as pessoas estão armadas, com pouca tolerância, em pânico. Quem sabe entra no seu nariz o cheiro do pobre, do povo e o senhor tenta virar o jogo. A responsabilidade é sua,
governador.
Afinal, quem é, ou são, os vagabundos, Governador ?

Dra. Ma. Isabel Lepsch