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domingo, 17 de abril de 2011

Más notícias, quem quer dar...

Aqui, no CTI de um hospital oncológico, o que não faltam são más notícias...
O médico é sempre convocado a fazer este trabalho. Passa-se 12 horas dentro de um ambiente carregado, com familiares ansiosos, muitas vezes sem entender ou sem querer entender o que está por acontecer e a impotência de um médico diante de determinadas situações, frequentemente irreversíveis, causa extrema frustração que, com o tempo, ele aprende a maquiá-la e tocar a vida à diante.
Das inúmeras formas de reações que familiares, em seu verídico luto, costumam expressar, uma não me sai da memória após o médico dizer, quase que automaticamente, que "pelo menos o pobre paciente enfim estaria descansando", foi a resposta de que "se morrer fosse descansar, prefeririam viver cansados". Esse médico não deixou de dizer isso em outras ocasiões fúnebres, até porque não se tem muito o que falar nestas horas, mas também não esquece da resposta recebida sempre que o diz.
Nada é pior do que anunciar um óbito a um pai, uma mãe, ou a uma esposa desconsolada.  Não dá para esquecer esses sofrimentos intensos e irreparadores demonstrados a olhos nus diante de você.
Lembro de uma mãe que foi informada do falecimento do seu filho, às 3 horas da manhã, por telefone e após muito educadamente esta senhora ter agradecido pela informação, ainda se escutava seu choro no telefone antes de desligá-lo.
Entendo que, diante de uma dor tão intensa que um familiar vem a sentir por acabar de perder alguém extremamente importante na vida daquela pessoa, o mais sensato e respeitoso seria não tentar explicar nada, não tentar interromper aquele momento de luto que é só dela, muito menos banalizando-a com frases do tipo "com o tempo isso passa", "pelo menos descansou", "já tinha vivido muito" e até coisas piores. Talvez, um sincero sinto muito e se afastar para deixá-lo em seu luto, ou um abraço se este for o desejo do familiar, seria o mais razoável a se fazer neste momento...


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